sexta-feira, 12 de outubro de 2012

EDITORIAL



Depois de, praticamente dois meses, voltamos a cometer inconfidências com a mesma saúde que tínhamos antes do silencio. Quer dizer, nada mudou. Portanto estamos de volta com a mesma raça, o mesmo espírito crítico, a mesma credibilidade e liberdade, condições das quais não abrimos mão.
Nesse período, aconteceram as eleições nos 5.564 municípios brasileiros (alguns ainda dependendo de segundo turno), sem muitas alterações políticas e algumas poucas eleitorais, apesar de uns poucos delírios sintomáticos, logo acalmados  pela consciência do próprio eleitor. A “ameaça” de surgimento de novos líderes, não passou de ameaça, até porque, ainda não estavam maduros ou nem mesmo tinham corpo para tal fim.
Estou falando mais objetivamente, de candidaturas assinaladas como de revolta, como as de Russomano em São Paulo, de Ratinho Junior em Curitiba e Bernal em Campo Grande (MS). O delírio alcançou proporções, algumas vezes assustadoras, mas, como todo delírio, vai passar como passou o delírio paulistano.
Os eleitores não podem confundir  mudanças reais com mudanças fantasiosas, absurdas e até mesmo mal intencionadas. Nós mudamos a todo instante. Ao respirarmos, cada inspirada é de maneira diferente, mas tendo como finalidade primordial, VIVER. Sugerir mudanças no respirar é no mínimo uma tentativa de homicídio, quando se tenta ensinar a respirar pelos ouvidos, por exemplo. Estamos vivenciando um exemplo típico em Campo Grande (MS), onde um candidato quer ganhar a Prefeitura por ter uma voz bonita e falar aos eleitores como se estivesse fazendo um programa assistencial de rádio, com uma platéia de carentes afetivos e necessitados materiais. O mais incrível é que parte desse público parece extasiado pela voz do locutor/candidato que tendo sido Vereador e Deputado Estadual, nunca apresentou sequer um projeto que favorecesse a população.
Lembra muito as filhas mitológicas de Achelous e da musa Terpsicore, que com seus cantos atraiam os navegadores que, inebriados pelo som, jogavam seus barcos contra os rochedos da costa da Itália, levando-os à morte.
No caso eleitoral precisamos criar cêras especiais para salvar os eleitores desse canto politicamente tão perigoso como a morte nos rochedos.
Isso naturalmente cabe aos que tem a responsabilidade, a força e a vontade para a manutenção do trabalho que foi feito durante tanto tempo, trabalho que nem mesmo os adversários delirantes negam em função do desenvolvimento da cidade. Sendo assim, só nos resta pedir a Deus que dê a oportunidade aos embevecidos eleitores, que saiam do transe e voltem para a realidade que é muito mais difícil que o sonho, mas muito mais doce que o delírio. Que os delírios, sejam onde for, acabem sob o signo da razão, pelo bem geral da população que aguardou tanto tempo para entrar na sua casa própria, caminhar sem atolar o pé no barro e ainda ter um atendimento de saúde que, se ainda não é o ideal, é muito melhor que qualquer crítica que vai colocar essa mesma população deitada em macas nos corredores de hospitais falidos moral, técnica e administrativamente, num exemplo que vivemos num passado nem tão distante assim.
Sonhar não custa nada. Delirar custa à morte dos sonhos e uma realidade que não queremos pra ninguém, muito menos pra nós mesmos.

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