sexta-feira, 20 de julho de 2012

EDITORIAL


Não sou o tipo de sujeito que faça ode à miséria e a degradação humana. Ao contrário. Sou contra até de se dar o valor roubado por marginais, por entender que essa divulgação motive alguns desesperados e não marginais, a se arvorar no caminho do crime, quando esse aparenta sucesso.
O que me chama atenção é a banalização do crime em nossa sociedade. Sem fazer juízo de valor em relação ao nosso sistema de segurança pública, estamos achando normal os assassinatos (todos absurdos, claro), como se fossem fatos naturais e provedores das manchetes dos veículos de comunicações. Um corpo estendido no chão, coberto com jornal, as vezes com uma vela acesa por alguma alma piedosa, acreditando que essa luz irá iluminar os caminhos da vítima no além. Esse quadro é de  um realismo fantástico, mas que está tão natural nos nossos dias, que já não sentimos sequer revolta, por ver um ser humano morto por outro ser humano, por motivos fúteis e inexplicáveis.
Estou tentando chegar ao ponto onde a gente possa ainda se repugnar e se indignar com esse comportamento animalesco e completamente anti-social. Fico buscando motivos para tanta barbárie entre seres que são tidos racionais e sociais. Não encontro. Vejo, temeroso, uma juventude e até uma pré-adolescência, caminhando sem freios para o banco dos réus e para a vala comum dos mortos sem identidade. A condição natural de filho enterrar o pai que morre por velhice ou mesmo por doença, está sendo completamente invertida. Pais tem sepultado filhos que sequer chegaram à adolescência, por comportamento totalmente estranho aos ensinamentos dados em casa. A banalização dos crimes chegou a um ponto que os jovens criminosos, chegam a sorrir para as câmeras de TV, quando entrevistados porque matou o outro jovem, como ele.
É uma espécie de diploma de criminoso que ele expõe para toda sociedade, como uma conquista que lhe dá orgulho. Não existem para o jovem criminoso, pai, mãe, irmãos, avós e amigos que sofrem com a situação, enquanto ele se sente promovido e apresentado como um bandido de alta periculosidade. É a verdadeira degradação e degeneração da raça humana. Aonde vamos parar? Buscamos onde as explicações e soluções para tamanho descalabro? Onde colocamos  os nossos medos pessoais e as nossas angústias com a nossa juventude? O que podemos fazer para salvar essa juventude que banaliza o crime e estimula a violência pelo prazer de ter a mídia como seu palco de apresentação? Quando alguém morre, morremos um pouco também.
Como diria Ernest Hemingway (Por Quem os Sinos Dobram), usando a frase de Jonh Donne, poeta renascentista:

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”

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