A gente tenta mudar o rumo da prosa, mas não tem jeito.
Caímos sempre na mesma ladainha de corrupção, malfeitos, deslizes e crimes
cometidos por autoridades ou pessoas que ocupam lugar de destaque na
administração pública ou mesmo em empresas privadas que abusam do poder
econômico, casado com corruptos e corruptores.
Temos um caso também recente, a reportagem da TV sobre o
abuso e o crime cometido pelos aplicadores de concursos públicos. Fico pensando
na razão que leva alguém a cometer esse crime. Seria por dinheiro? Não creio,
pois as pessoas envolvidas têm até um padrão econômico razoável que daria pra
viver com dignidade e sem grandes problemas ou dificuldades financeiras.
Social? Também não acredito. Essas mesmas pessoas são notórias em suas cidades
de origem ou atuação, fazendo parte da elite social do lugar.Poder? Pode ser. O
homem quando tem as condições anteriores, econômica e social, bem definidas,
busca obter maior poder, quer seja na política ou mesmo na direção em um grupo
social. Então vem a clássica pergunta: Será que vale a pena queimar todo o
pudor e dignidade angariada a vida inteira, em busca de um poder efêmero? Vale
a pena jogar o nome da família no esgoto moral, somente para ter um
visibilidade de destaque? Para agradar a quem? Somente ao próprio ego?
Será que essas pessoas não pensam nas outras que lutam,
sonham e aplicam seu dinheiro e tempo na busca da construção de um futuro
melhor, se esforçando para alcançar uma função ou um cargo público que lhes dê
uma segurança de vida para manter sua família com um certo conforto e
perspectivas de melhoria nas áreas social e econômica? Seria muito interessante
que esses “vendedores” de vagas sentissem na própria pele o reverso da medalha,
ou seja, sendo passado pra trás por alguém, que compra a sua possível vaga por
esforço, competência e sacrifício. Da mesma forma, os que “compram” as
facilidades têm a sensação de impunidade, de esperteza e de que está fazendo o
certo garantindo o seu pirão primeiro. Não pensam em ninguém mais.
Creio que esse comportamento tem origem no famoso “jeitinho
brasileiro”, onde quem leva vantagem é tido como o espero, o bom malandro, o
vivo. tornando tais fatos naturais aos olhos da população, que está acostumada
a ver autoridades fazendo falcatruas, roubando e desviando dinheiro público e
nada ou quase nada acontece. A impunidade é a mantenedora dessa distorção de
comportamento que está afetando pessoas até então tidas como probas, honestas e
acima qualquer suspeita.
A verdade, é que as pequenas cidades onde tais fatos
acontecem e são descobertos, se impressionam, se assustam, mas não conseguem se
indignar. Afinal quem praticou tais crimes, são pessoas tidas e havidas como
benfeitoras sociais e de famílias tradicionais. Sendo assim, nem chega a ser
considerado crime pela sociedade surpresa, mas
acomodada, pois afinal, essas pessoas são filhas da terra e de famílias
honradas. Tentaram, quando muito, ajudar algumas outras pessoas de seu círculo
de amizade e ainda posam de bons moços. Assim fica o dito pelo não dito. A
aplicação da lei deve ser colocada como ponto primordial para a conservação de
uma sociedade em harmonia, caso contrário, a barbárie que campeia por todos os
cantos, será absorvida de forma socialmente aceitável e estaremos, aí sim, sem
pudor, caminhando para o fim de tudo. Literalmente!

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