sexta-feira, 22 de junho de 2012

EDITORIAL


A gente tenta mudar o rumo da prosa, mas não tem jeito. Caímos sempre na mesma ladainha de corrupção, malfeitos, deslizes e crimes cometidos por autoridades ou pessoas que ocupam lugar de destaque na administração pública ou mesmo em empresas privadas que abusam do poder econômico, casado com corruptos e corruptores.
Temos um caso também recente, a reportagem da TV sobre o abuso e o crime cometido pelos aplicadores de concursos públicos. Fico pensando na razão que leva alguém a cometer esse crime. Seria por dinheiro? Não creio, pois as pessoas envolvidas têm até um padrão econômico razoável que daria pra viver com dignidade e sem grandes problemas ou dificuldades financeiras. Social? Também não acredito. Essas mesmas pessoas são notórias em suas cidades de origem ou atuação, fazendo parte da elite social do lugar.Poder? Pode ser. O homem quando tem as condições anteriores, econômica e social, bem definidas, busca obter maior poder, quer seja na política ou mesmo na direção em um grupo social. Então vem a clássica pergunta: Será que vale a pena queimar todo o pudor e dignidade angariada a vida inteira, em busca de um poder efêmero? Vale a pena jogar o nome da família no esgoto moral, somente para ter um visibilidade de destaque? Para agradar a quem? Somente ao próprio ego?
Será que essas pessoas não pensam nas outras que lutam, sonham e aplicam seu dinheiro e tempo na busca da construção de um futuro melhor, se esforçando para alcançar uma função ou um cargo público que lhes dê uma segurança de vida para manter sua família com um certo conforto e perspectivas de melhoria nas áreas social e econômica? Seria muito interessante que esses “vendedores” de vagas sentissem na própria pele o reverso da medalha, ou seja, sendo passado pra trás por alguém, que compra a sua possível vaga por esforço, competência e sacrifício. Da mesma forma, os que “compram” as facilidades têm a sensação de impunidade, de esperteza e de que está fazendo o certo garantindo o seu pirão primeiro. Não pensam em ninguém mais.
Creio que esse comportamento tem origem no famoso “jeitinho brasileiro”, onde quem leva vantagem é tido como o espero, o bom malandro, o vivo. tornando tais fatos naturais aos olhos da população, que está acostumada a ver autoridades fazendo falcatruas, roubando e desviando dinheiro público e nada ou quase nada acontece. A impunidade é a mantenedora dessa distorção de comportamento que está afetando pessoas até então tidas como probas, honestas e acima qualquer suspeita.
A verdade, é que as pequenas cidades onde tais fatos acontecem e são descobertos, se impressionam, se assustam, mas não conseguem se indignar. Afinal quem praticou tais crimes, são pessoas tidas e havidas como benfeitoras sociais e de famílias tradicionais. Sendo assim, nem chega a ser considerado crime pela sociedade surpresa, mas  acomodada, pois afinal, essas pessoas são filhas da terra e de famílias honradas. Tentaram, quando muito, ajudar algumas outras pessoas de seu círculo de amizade e ainda posam de bons moços. Assim fica o dito pelo não dito. A aplicação da lei deve ser colocada como ponto primordial para a conservação de uma sociedade em harmonia, caso contrário, a barbárie que campeia por todos os cantos, será absorvida de forma socialmente aceitável e estaremos, aí sim, sem pudor, caminhando para o fim de tudo. Literalmente!

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