Crônica de um fracasso anunciado. Esse deveria ser o slogan
da Rio+20 que começou nessa última quarta (13). De início o Brasil se posiciona
como um país realmente deitado eternamente em berço esplêndido. A abertura com
aquelas pessoas vestidas de pano de saco, dançando ou jogando capoeira, sem
nenhuma criatividade e uma apresentação “artística” digna de circo decadente das
periferias das grandes cidades.
Enquanto a cena está aberta, o noticiário mantém viva a
nossa personalidade vocacionada para a corrupção, com a tal CPMI do Cachoeira,
mais parecendo uma disputa de “gangues” do que propriamente uma Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito. É PT x PSDB, numa briga de rua. Retrato atual
de um país, moralmente de cabeça baixa, querendo demonstrar para o resto do
mundo a sua pequenez política e a sua moral anã e distorcida.
Para completar o quadro dantesco, as obras do PAC assoladas
por desmandos e super faturamentos, na ânsia de que estejam prontas para a Copa
do Mundo de Futebol.
As imagens de alagamento da região norte, com a população
vivendo como galinhas em poleiros, sem perspectivas e sem esperança. Não faz
mal, a Copa do Mundo será aqui.
As nossas rodovias são o espelho de um genocídio sem
comparação, matando mais que qualquer guerra de que o mundo tem conhecimento. O
estado das vias, aliado ao estado etílico das pessoas são as causas desse desastre inatural, mas ninguém apresenta uma
solução viável para ao menos minimizar tais acontecimentos.
Mas isso também não faz mal. Teremos a Copa do Mundo Aqui.
A Rio+20 continua com sua segregação natural, cada um no seu
quadrado. Pobre com pobre, rico com rico, ecologistas com ecologistas,
desmatadores com desmatadores, analisando, cada um sob sua ótica e sua
desculpa, para nos dois últimos dias os Chefes de Governo assinarem o
compromisso assumido na propalada Rio+20. Aí entra em cena, a crônica de um
fracasso anunciado. A China não assina porque não tem outro combustível menos
poluente senão o carvão para manter acesa a sua escalada econômica. Os Estados
Unidos não assinam porque a China não assina e precisa que continue tudo mais
ou menos como está para poder alavancar a sua economia. Os países mais
conscientes ficam com raiva e também não assinam porque não querem assumir
sozinhos a culpa de todos. Mas isso tudo não faz mal porque a Copa do Mundo
será aqui no Brasil, país da CPMI do Cachoeira, dos shows repetitivos e
degradantes para umas autoridades/turistas que aproveitam para passear na Cidade
Maravilhosa, então guardada com segurança máxima para preservar nossos
visitantes. O povo convive com essa sensação de segurança, até o último
visitante partir, quando então voltam as tentativas das prosaicas UPPs e
placebos atos de época eleitoral.
Conseguiram vulgarizar a nossa arte e nossa cultura,
tornando-as menores, talvez com a intenção
de nivelar por baixo a atual condição de indigentes morais nossos políticos e
nossa política que é na verdade, briga de gangues. O povo que se dane!
Nada disso faz mal. Teremos a Copa do Mundo aqui!

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