sexta-feira, 15 de junho de 2012

EDITORIAL


Crônica de um fracasso anunciado. Esse deveria ser o slogan da Rio+20 que começou nessa última quarta (13). De início o Brasil se posiciona como um país realmente deitado eternamente em berço esplêndido. A abertura com aquelas pessoas vestidas de pano de saco, dançando ou jogando capoeira, sem nenhuma criatividade e uma apresentação  “artística” digna de circo decadente das periferias das grandes cidades.
Enquanto a cena está aberta, o noticiário mantém viva a nossa personalidade vocacionada para a corrupção, com a tal CPMI do Cachoeira, mais parecendo uma disputa de “gangues” do que propriamente uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. É PT x PSDB, numa briga de rua. Retrato atual de um país, moralmente de cabeça baixa, querendo demonstrar para o resto do mundo a sua pequenez política e a sua moral anã e distorcida.
Para completar o quadro dantesco, as obras do PAC assoladas por desmandos e super faturamentos, na ânsia de que estejam prontas para a Copa do Mundo de Futebol.
As imagens de alagamento da região norte, com a população vivendo como galinhas em poleiros, sem perspectivas e sem esperança. Não faz mal, a Copa do Mundo será aqui.
As nossas rodovias são o espelho de um genocídio sem comparação, matando mais que qualquer guerra de que o mundo tem conhecimento. O estado das vias, aliado ao estado etílico das pessoas são as causas desse  desastre inatural, mas ninguém apresenta uma solução viável para ao menos minimizar tais acontecimentos.
Mas isso também não faz mal. Teremos a Copa do Mundo Aqui.
A Rio+20 continua com sua segregação natural, cada um no seu quadrado. Pobre com pobre, rico com rico, ecologistas com ecologistas, desmatadores com desmatadores, analisando, cada um sob sua ótica e sua desculpa, para nos dois últimos dias os Chefes de Governo assinarem o compromisso assumido na propalada Rio+20. Aí entra em cena, a crônica de um fracasso anunciado. A China não assina porque não tem outro combustível menos poluente senão o carvão para manter acesa a sua escalada econômica. Os Estados Unidos não assinam porque a China não assina e precisa que continue tudo mais ou menos como está para poder alavancar a sua economia. Os países mais conscientes ficam com raiva e também não assinam porque não querem assumir sozinhos a culpa de todos. Mas isso tudo não faz mal porque a Copa do Mundo será aqui no Brasil, país da CPMI do Cachoeira, dos shows repetitivos e degradantes para umas autoridades/turistas que aproveitam para passear na Cidade Maravilhosa, então guardada com segurança máxima para preservar nossos visitantes. O povo convive com essa sensação de segurança, até o último visitante partir, quando então voltam as tentativas das prosaicas UPPs e placebos atos de época eleitoral.
Conseguiram vulgarizar a nossa arte e nossa cultura, tornando-as menores, talvez com  a intenção de nivelar por baixo a atual condição de indigentes morais nossos políticos e nossa política que é na verdade, briga de gangues. O povo que se dane!
Nada disso faz mal. Teremos a Copa do Mundo aqui!

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