sexta-feira, 30 de março de 2012

EDITORIAL


Morreu Chico Anysio, morreu Millôr Fernandes. Quase na mesma semana o mundo fica mais sem graça, nem tanto pelas piadas que eles criavam e sim pelas críticas severas que  faziam, utilizando suas principais armas: a inteligência, a sagacidade, a sátira, a crônica do cotidiano mostrando as nossas mazelas de uma forma que conseguíamos rir delas, embora sem prestarmos muita atenção. De fato, o mundo ficou mais sem graça sem os dois, mas seus exemplos devem permanecer com a gente para curarmos as nossas feridas sociais e engolir um pouco, o riso que nos enganava, quase que inocentemente e buscarmos o sol da liberdade que era a meta maior desses dois grandes brasileiros.
Por outro lado, tivemos boas notícias, como a cura do câncer de Reinaldo Gianecchini, a recuperação do Lula contra um câncer na laringe que esperamos, seja em definitivo.

Os impasses da base aliada do governo, em busca de mais espaço (cargos), com bate pé de muitos, beicinhos de outros e cotovelaços dos mais afoitos e, nadando nessas águas revoltas, a falsa tranquilidade da Presidente Dilma, que a meu ver, está com mais medo que competência para resolver o assunto. Assim o Brasil vai vivendo a sua vidinha, com o Senado aprovando o fim dos 14º e 15º salários, como se estivesse fazendo uma obra de caridade, quando na verdade, estava tentando lavar a própria vergonha para esconder outros e maiores abusos ainda por serem deletados.
Hoje estou mais descrente das nossas próprias perspectivas, talvez por elas não virem acompanhadas de uma maneira sarcástica que os dois mestres tentaram nos passar. Nós só rimos, mas provavelmente não aprendemos nada. Daí a tristeza e a descrença.
Vamos nos concentrar em nossa capacidade de sobreviver às intempéries da vida, fingindo que todos os prefeitos de todos os municípios estão trabalhando arduamente pelo bem do povo e pela paz social, sem pensar nos seus interesses pessoais nem nas eleições que se aproximam.
Como diriam um dos dois, ou os dois analistas sociais que se foram recentemente:
O povo brasileiro tem uma tendência miserável para acreditar no inacreditável e continuar a rir da própria desgraça e da própria esperança. 
Viva o povo brasileiro, agora mais sem graça e mais sem rumo!

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