quinta-feira, 28 de julho de 2011

EDITORIAL

Ando impressionado com tantas vidas perdidas no trânsito, quer nas cidades como nas estradas do Brasil. É alguma coisa de estarrecer. Digo, sem medo de errar que é uma epidemia e que deveria ter uma ação urgente e com a máxima firmeza por parte dos Ministérios Públicos. É uma calamidade. Vidas, principalmente dos jovens, são ceifadas por todos os mais banais e cruéis motivos. Se não pelo emocional, as autoridades tem que tomar uma decisão forte porque está afetando o lado social com lares sem pais, pais sem filhos, filhos sem mães, mães sem seus maridos, maridos sem suas mulheres e a lista de falta segue, lamentavelmente, sem fim. Além disso, afeta a questão econômica, pois trabalhadores são mortos, mutilados e muitos se empilham por meses nos hospitais, que mal conseguem dar conta da corriqueira demanda normal.
As seguradoras associadas a maior delas, Líder DPVAT, que é a responsável por um consórcio que paga todos os seguros por danos em acidentes de transporte está impressionada com o absurdo de casos que vem ocorrendo ultimamente. Foi constatado, por essa empresa que os acidentes no trânsito cresceram cerca de 36,70% só esse ano, perfazendo o impressionante valor de R$1.127 bi, nesse primeiro semestre. Como o DPVAT é um seguro social que assiste a todos os acidentados independente da sua condição social ou econômica, vemos aí uma torneira aberta por onde escorre o dinheiro público. Muita gente pensa que não, mas o DPVAT é dinheiro público. Por isso insisto na convocação do Ministério Público em tomar medidas extremas para salvar vidas, salvar aposentadorias lamentavelmente precoces e salvar ou melhor direcionar o dinheiro público para fins outros que não sejam pagar seguros por morte ou reparar custas hospitalares. Claro que o objetivo maior é salvar vidas humanas.






Tudo isso é uma grande falta de planejamento por parte do governo quando, no afã de aumentar as vendas de motos, por exemplo, reduz os impostos desses veículos quase a zero, dando oportunidade para os mais desavisados adquirirem motos e mortes.
As motos tem um índice nos acidentes, que impressiona. Chegam a representar cerca de 27% da frota de veículos mas alcançam 37% das indenizações dos acidentes com mortes ou incapacidade física total.
Antes de incentivar a compra de motos, porque não aplicar o valor concedido na redução dos impostos, nos transportes coletivos urbanos, criando o saudável hábito de andar de ônibus? Coletivos que deveriam ser confortáveis e que atendessem a todos com a dignidade que o povo merece, precisa e exige.
Por que não? Será que pensar para essas autoridades, dói?
O povo não anda de ônibus não é porque quer esnobar com seu carro ou moto, mas porque os coletivos não oferecem nenhuma condição de uso. Só por isso. Então por que não investir em transporte público e vidas? Por que escolher o fratricídio que estamos vendo sendo que podemos evitar tamanha hecatombe? Além disso, a preservação do meio ambiente iria ter um impacto positivo espetacular e a saúde iria melhorar em muito.
Sugiro uma campanha nacional onde o povo tenha uma participação efetiva para tirar das cabeças coroadas a faraônica idéia de trem bala e reverter toda a verba que seria gasta nesse culto à estupidez de poucos para o grande e inteligente passo na renovação ou na implantação de um transporte coletivo urbano capaz de atender a população com a dignidade que ela merece. Atender a população com menos morte, menos deficientes físicos e com mais respeito. Isso é, no mínimo, o primeiro grande passo para o cuidado com a nossa gente. O governante que agir com o interesse público como prioridade será, sem dúvida alguma, um(a) líder que o povo jamais esquecerá. Se não for por interesse público, que esse(a) líder aja por vaidade histórica. Será lembrado(a) como o(a) líder que mudou o cenário das grandes e pequenas cidades do Brasil, conservando seus habitantes vivos e inteiros. A liderança está aberta. Quem se habilita? O povo quer ter motivos para agradecer.

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