quinta-feira, 23 de junho de 2011

EDITORIAL


A degradação da raça humana está cada vez mais evidente no cotidiano das pessoas. A banalização de crimes, o atropelo na intenção de levar  vantagens, a amizade com os delitos e delinqüentes, a aceitação das pequenas infrações, os  maus exemplos vindo de cima, mais a desculpa sempre lembrada, da luta e correria pela vida aliados a ausência do Estado dão à nossa população e, em particular, à nossa juventude, um certo conforto na prática dos “desvios”, dos “deslizes” que, via de regra, acabam em crimes hediondos e sem retorno.
Hoje mesmo, vimos pelos jornais, o caso de uma menina que matou a outra, dentro da sala de aula. Causa? Desentendimentos pessoais, totalmente contornáveis, desde que tivessem tido a atenção dos pais, professores e autoridades.Outro caso atualíssimo, um jovem matou o outro colega dentro do colégio, por ciúmes da ex-namorada???!!!
Hoje colocamos a juventude nos bancos dos réus, quando na verdade, a sociedade como um todo é que deveria ocupar esse lugar. Somos nós todos réus, nesses crimes onde a nossa juventude é protagonista. Esse estado de coisas vem de longa data. Me lembro nos idos de 1967/8, quando Neyde Ganley (hoje não tenho notícias dela) concorreu com um trabalho no Grupo Ultra, com o título: JUVENTUDE NO BANCO DOS RÉUS.
Já naquela época a preocupação se fazia emergente e extremamente  necessária. E o que é que foi feito. Nada ou quase nada. Deixamos a juventude dirigir seus destinos e passamos  a ser meros espectadores dos desastres cometidos por ela. O Estado omisso, hoje tenta remendar suas falhas, com ações emergenciais e pontuais, como as UPPs nas favelas das grandes cidades, uma ou outra iniciativa de Promotores Estaduais da Infância e Juventude, como quixotescas figuras em desesperado esforço, tentando evitar a total deturpação, senão a completa inversão de valores morais e sociais
Todos nós corremos na vida pela sobrevivência. Esse é o preço do desenvolvimento econômico e pelo jeito é o que conta hoje para sua graduação na sociedade. E a família? E os valores morais? E os bons exemplos? O quê estamos passando para a nossa juventude senão desencontros, desentendimentos, facilitação do mal feito, honras à imbecilidade, louvores à estupidez e medalhas à barbárie? A mídia tem participado negativamente com exemplos e exultação à banalidade e à futilidade, através de programas nas TVs, sem a mínima preocupação social, só visando o índice do IBOPE.
Claro que nem todos os jovens que estão nos descaminhos tem esses maus exemplos dentro de casa. Isso vem também pelas más companhias que por sua vez, vem das casas desses desencaminhados. É um trabalho que o Estado deixou de cumprir há algumas décadas sem ter dado a devida importância e que hoje está pagando um custo social como “nunca antes na história desse país” já se tinha visto.
Não podemos perder nem mais um minuto nessa luta desigual, onde nossa juventude está pagando com a própria vida e os pais com as próprias lágrimas e dores, dessa guerra que devemos encarar de frente, com coragem, dividindo responsabilidades e deixando de lado interesses menores para elevarmos nossa vontade para o bem comum. O que precisamos urgentemente é retirarmos a nossa juventude do banco dos réus, quando na verdade, quem deve estar lá é toda uma geração infeliz e impotente e que faz ou fez parte de um governo que se curvou tão somente ao desenvolvimento econômico em detrimento ao desenvolvimento social.
Ou nós admitimos nossas falhas e partimos para somar forças juntos e cobrar posições, projetos e ações concretas do governo, ou vamos continuar a enterrar nossa juventude em celas podres, quando não, em covas rasas, regadas a lágrimas dolorosas cultivadas em nome da falsidade social, da incompetência e da conivência de um Estado irresponsavelmente criminoso.

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