sexta-feira, 27 de maio de 2011


EDITORIAL


Estão querendo inverter o princípio da inocência, pelo simples fato de que não existe prova alguma que incrimine o Ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. A grande diferença, conforme vimos no Inconfidência Maneira da semana passada, é a situação do Ministro que é um ente público, portanto, com legislação específica. Como ente público, cabe ao Ministério Público uma investigação da situação do enriquecimento do Ministro, muito além do que qualquer mega-investidor possa imaginar. Para a investigação do Ministério Público Federal, não há a necessidade de provas conclusivas, bastando, para tanto, indícios e suspeitas apresentadas. Esse princípio não foi criado para acusar ou perseguir o Ministro Palocci. É uma norma geral para todos os servidores, entes públicos e agentes públicos. Uma coisa é bastante simples: se não há razão para temer, por que temer? Ofereça todos os dados necessários para uma investigação livre e isenta e, não havendo motivos, o Ministro, ou qualquer outro acusado, sairá absolutamente aclamado pela sua lisura, reforçando sua imagem de homem probo, empunhando, orgulhoso, a bandeira de seu Partido. Simples.
Agora, até o ex- Presidente Lula ter que ir a Brasília, para tomar a defesa do Ministro Palocci, leva-nos a pensar que existem mais coisas entranhadas nesse mal explicado enriquecimento tão rápido. Dirão alguns defensores mais radicais que Lula foi a Brasília, para discutir reformas?
Oito anos e nunca se comprometeu a tais reformas e, de uma hora para outra, surge como Chapolin Colorado, o salvador e redentor de todas as reformas?
Quem não ajuda não atrapalha, diz o dito popular.
Deixe a presidente Dilma trabalhar. Não era assim que se falava num passado recentíssimo, mudando só o nome do titular?
                                               
                                                   II

Coisa estranha também, e insistente, é que teimam em falar que o Governo perdeu, por exemplo, na votação do Novo Código Florestal nessa última terça-feira (24). Ora, o Governo é composto pelos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Então, o Governo ganhou ou perdeu? Será que já se institucionalizou a dependência entre os Poderes?
O correto é sempre perguntar: o Brasil e o povo brasileiro ganharam?
A essas alturas, Charles-Louis de Secondatt, o nosso glorioso Barão de Montesquieu, deve estar se remoendo no mausoléu, bradando que os políticos não entenderam o seu propósito, nem sua proposta para diminuir o poder concentrado nas mãos dos reis.
É importante ficarmos atentos para que, na contagem geral, o trio Executivo, Legislativo e Judiciário não ganhe de goleada do sofrido, envergonhado e já impaciente povo brasileiro. Aliás, nesse jogo, o povo “ta” perdendo feio. Vamos à “Virada Já!”.

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