Ninguém mais fica espantado com a institucionalização da
promiscuidade em atos dos poderes públicos no Brasil. Estamos sentados em cima
de uma bomba de efeito moral (político, financeiro, econômico e criminal) que
certamente vai atingir a um bom número de almas “santas”, “ilibadas” e da maior
“respeitabilidade” no país, que é o caso Cachoeira. Isso, claro, se
acreditarmos que a CPMI chapa branca venha a funcionar de fato, sem favorecimento
e isenção de alguns privilegiados. Com tudo isso acontecendo, como motivo de
moralização da coisa pública, poucos se dão conta de um fato, que me parece
bastante estranho. O Grupo JBS maior exportador de carne do Brasil está
comprando a Delta Construtora, exatamente,
aquela que é um dos pontos nevrálgicos da dita CPMI. Até então, tudo bem, não
fosse a referida compra. Quem está cuidando e gerenciando essa transação é o
ex-presidente do Banco Central do Governo Lula, Henrique Meireles. Segue mais ou
menos dentro da normalidade. O que ninguém parece ter se apercebido é que o
dinheiro do Grupo JBS, é fruto de empréstimo junto ao BNDES, empresa pública
federal, para outras aquisições em um passado bem recente. Ora, uma empresa que
recorre a uma instituição financeira pública para reforçar seu capital, teria que
no mínimo, consolidar o seu capital para então sim, partir pra novas conquistas
e não se meter em aventuras com o dinheiro público. Deveria ter uma regra e
muito bem fiscalizada, para que os empréstimos adquiridos junto a órgãos,
fossem acompanhados até o seu total ressarcimento e se foram utilizados ao fim a que foi proposto. Não
sendo assim, a promiscuidade passa a ser a irmã gêmea da corrupção, como de
fato é, comprovadamente.
Alem do mais, o mesmo Grupo JBS está formalizando a
aquisição do Frigorífico Independência em Mato Grosso do Sul, ficando assim com
cerca de 40% do mercado de carne no estado. Segundo a Lei 8884/94 em seu Art.
20 § 3º um percentual acima de 20% caracteriza o monopólio, indo de encontro ao
Art. 173 da Constituição Federal. Somado a isso, o Frigorífico Independência é
de propriedade da família do atual Senador Antonio Russo (PR/MS). Pode ser uma
simples transação comercial, não fossem as aberrações que poderiam causar e não
fosse ainda o atual proprietário do Independência, um Senador da República.
Comento esses fatos para exemplificar possíveis espaços prontos para a
proliferação da promiscuidade entre poderes e poderosos em detrimento aos
interesses do povo.
Devemos cuidar do que é nosso. Se nós não fizermos, quem
fará por nós? Vamos assumir nossa condição de atores protagonistas nessa
história que é a história da nossa própria nação.
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